Eu não sei se vocês se lembram de quando falei ou choraminguei sobre o problema que um amigo muito querido tinha e que vinha acabando com a sua vida, com a de sua família, com a minha e com a dos que vivem resguardados na proteção da minha casa. Foi aqui, neste espaço que eu abri o meu coração. Neste outro também falei alguma coisa, mas foi nesse que eu vi sarar a dor que de leve, ainda sinto. Somente lendo as páginas grifadas vocês terão ideia da dimensão dos fatos. Pois bem, este jovem com quem dividi cada carinho que dei aos meus filhos e cuja idade é igual a dele esteve internado durante seis longos e sofridos meses em uma clínica de recuperação de dependentes químicos no interior de São Paulo de onde voltou a casa depois da alta recebida. Lutou muito contra o desejo que sentia pela droga, mas perdendo algumas batalhas nessa guerra, sucumbiu, mesmo que contra a sua e a vontade de todos, aos caprichos dela. Nova luta, novos desafios. Muitas lágrimas e novos empregos se perderam. Por último e já fragilizado pela abstinência, sentiu-se mal a ponto de querer morrer. Todos estávamos com ele e dos que juraram amizade eterna, só alguns poucos como sua mulher, filho, mãe, pai e dois ou três amigos, acreditaram nele e não o deixaram. Uma, entre tão poucas mãos que a ele eram oferecidas, se destacou para envolve-lo num abraço tão forte e verdadeiro que o meu amigo, antes senhor de si e de todas as situações, prostrou-se de joelhos aos pés do seu salvador. Era a mão de Deus que sem dizer uma palavra o abraçou para com ele, como estão ainda, caminhar pela estrada aonde só os puros, os "limpos" de quaisquer vícios, caminham. Atrás dos dois, nós. Nós todos em procissão torcendo e orando enquanto caminhamos. Antes, só pensávamos nas armadilhas da abstinência, mas agora, com passos mais relaxados, seguimos os que vão na frente com os quais falamos sobre tudo e qualquer coisa, até sobre drogas, mas sem tirar do horizonte os olhos secos das lágrimas, porém iluminados pela esperança.
